Já fazia pouco mais de um ano que eu tinha lido A amiga genial e ainda não tinha parado para ler a sequência, História do novo sobrenome. Foi então que eu descobri uma promoção do ebook e comprei na mesma hora. Fiquei ansiosa pra ler e comecei lá em janeiro, mas avancei bem pouco e agora com a quarentena eu finalmente voltei com a leitura.
No segundo livro da série napolitana, as protagonistas Lila e Lenu já abandonaram a inocência da infância e início da adolescência. Agora casada, Lila precisa encarar os desafios dessa nova vida e Lenu, tentando focar em seus estudos, se sente cada vez mais diferente e distante da sua amiga.
Mesmo ainda muito jovens, em História do novo sobrenome os personagens vão gradativamente adentrando uma realidade mais crua e longe dos ideais que imaginavam. A vida adulta começa a bater na porta e os relacionamentos se tornam cada vez mais complexos e brutais.
Assuntos como paixão, traição e maternidade são inseridos ao longo do livro à medida em que Lila e Lenu vão amadurecendo, cada uma a sua maneira. A amizade das duas mais do que nunca se mostra frágil e caminhando por uma linha tênue, alternando entre situações de rivalidade e cumplicidade, ao mesmo tempo em que o laço entre elas de certa forma se aperta ainda mais.
É uma relação extremamente complexa e cheia de nuances, o tipo de ligação que é difícil de explicar. Uma vê na outra um reflexo do que gostaria de ser ao mesmo tempo em que deixam transparecer o oposto – e essa dualidade é a base para uma amizade marcada pelo ressentimento.
A maioria dos demais personagens recebem um maior destaque do que em A amiga genial e a história de cada um vai ganhando espaço na narrativa, que não é tão fluida no início, mas apresenta um crescimento considerável no decorrer do livro. A escrita da Elena Ferrante é extremamente direta e precisa no que diz respeito a prender o leitor à medida em que a história vai avançando.
É um tipo de narrativa que não deixa os fatos todos explícitos de cara, mas sutilmente vai adicionando detalhes que nos fazem perceber nuances do que pode acontecer, mesmo que não saibamos exatamente o quê ou como e isso é uma das coisas que eu mais gosto na escrita dela.
O livro é bem longo, quase 500 páginas divididas em mais de cem capítulos, mas o fato deles serem curtos e diretos ajuda bastante no ritmo da leitura – e o final me deixou bem ansiosa para começar o próximo volume, História de quem foge e de quem fica.
5/5
lido em 15 de abril de 2020
