No meio do caminho entre Montevideo e Punta del Este fica uma pequena cidade litorânea com o mar dos mais azuis que eu já vi. Piriápolis é pequena, mas agitada. Era por volta das 11h30 da manhã de 11 de janeiro de 2019 quando desembarquei na rodoviária e logo a mudança de ares ficou perceptível.
Se Punta del Este é luxuosa e badalada, Piriápolis tem um clima mais de interior – mas esse clima só dura até a gente encontrar a orla. Deixei minha mochila no hostel e, caminhando, dei de cara com o azul do mar e muitas pessoas, pessoas por todos os lados e de todos os jeitos – tomando banho de mar, tomando sol na areia ou simplesmente tomando um sorvete.
Fui andando por entre as muitas lojinhas que compõem toda a avenida em frente à orla, enquanto vez ou outra observava o movimento e ouvia o espanhol ritmado nas conversas ao redor. Um ímã de geladeira aqui, uma plaquinha para colocar na parede ali, finalmente decidi que era hora de voltar para casa – ou para o hostel Piria, que, naquele instante, significava a mesma coisa.
Já no quarto compartilhado, uma companhia. Ao ouvir o português, a pergunta: “Brasileiras?”. Foi assim que descobri que aquele colega de quarto era um simpático gaúcho com muitos anos a mais de experiência – e de Piriápolis – na bagagem. Em uma breve conversa ele mencionou que passava todos os verões ali. Me pareceu uma daquelas conexões difíceis de explicar, a dele com a cidade. Mas algumas coisas não precisam mesmo de explicação.
Era um ambiente agradável. A nossa anfitriã possuía um bebê e também um cachorrinho, e essa combinação parece suficiente para definir aconchego. Já era noite, e minha estada ali estava acabando. Não passei por muitos pontos turísticos, ainda estava me sentindo anormalmente quieta, mas sinto que conheci Piriápolis. Uma cidade é o que fazemos dos nossos momentos nela.
Ali era o momento de me ouvir e desacelerar. Sentada na varanda, ouvindo vários sotaques diferentes enquanto sentia os pelinhos do meu braço se arrepiarem graças à noite amena das cidades litorâneas e comendo um prato de macarronada, era momento de desacelerar.
Na plaquinha que guardei dentro da mochila para trazer comigo se lia “Yo ♥ Uruguai”, e pensei comigo sobre a veracidade daquela frase. Tenho essa mania de deixar pedaços de mim por aí e amar cada esquina por onde passo – mas daquela vez era diferente.
O Uruguai estava me mostrando pequenos lugares escondidos – no país e dentro de mim.
♥