Eu sempre amei o título desse livro. Lembro de vê-lo na livraria assim que lançou, anos atrás, e de pensar em como gostaria de lê-lo. Isso, porém, só foi acontecer em março desse ano. Quem diria que viver ia dar nisso é um compilado de crônicas da escritora Martha Medeiros, de quem eu passei a gostar muito depois de ler seus relatos de viagem na coleção “Um Lugar na Janela”.
A escrita da Martha é muito envolvente e eu poderia passar uma tarde inteira lendo textos dela. Apesar disso, as crônicas desse livro não conseguiram me fazer amá-lo completamente, porque são bem curtinhas e sobre assuntos variados. Isso dificultou um pouco a minha conexão com ele, acho que prefiro mesmo ler histórias mais longas e vou procurar outros livros dela que possam me proporcionar isso.
Mesmo não tendo amado o livro como um todo, não posso deixar de destacar duas entre as tantas crônicas presentes nele. A primeira delas se chama “Acontecem coisas” e está logo nas primeiras páginas. É uma grata surpresa: fala sobre a mágica cotidiana em que um simples acontecimento pode mudar todo o rumo da nossa história. Fala sobre os pequenos acasos, sobre como não devemos perder a fé ao passar por um momento de baixa energia porque a vida está acontecendo a cada minuto e o simples fato de ouvir uma música, abrir um livro ou ir na cafeteria da esquina pode nos fazer acordar para algo completamente novo. Porque na vida, a todo momento, acontecem coisas. Acho isso assustador e fascinante na mesma proporção.
O outro texto que me marcou foi o último, e que dá nome ao livro: quem diria que viver ia dar nisso. É uma visão otimista sobre o tempo que passa, sobre histórias que acontecem e se desenrolam, sobre a possibilidade de vida a ser vivida. E otimismo é sempre muito bem vindo, especialmente em tempos difíceis. Viver dá mesmo nisso – em histórias, encontros e momentos que ficam na memória. No fim das contas, é isso mesmo o que importa.