Faz algum tempo que escrever nesse blog é uma forma de colocar pra fora o que anda transbordando por aqui. Ele foi criado lá em 2013, junto com uma amiga, quando eu ainda era uma ingênua e sonhadora menina de 15-quase-16 anos. O tempo passou, mas algumas coisas não mudaram.
Voltei a aparecer por aqui em 2020, auge da pandemia, e dessa vez sozinha. A aflição de passar por aquele período inicial de não saber muito bem o que o futuro reservaria já não era uma sensação tão desconhecida minha — mas algo ali era diferente.
Escrever se tornou algo necessário, que eu precisava fazer pra voltar a me sentir minimamente sã. Agora, com a distância de dois anos entre aquela Jennifer que resolveu voltar a publicar por aqui e essa que agora escreve mais esse post, eu percebi que perdi um pouco da espontaneidade do escrever. Fazer algo porque gostamos é muito diferente de fazer algo porque precisamos.
Eu ainda preciso escrever. Mas eu preciso redescobrir o prazer de escrever apenas porque eu quero, apenas porque eu gosto. E não só porque preciso. Como eu falei ali em cima, o tempo passou, mas algumas coisas não mudaram. Ainda me considero uma pessoa sonhadora, mesmo que em alguns momentos me esqueça disso.
Às vezes é difícil se desprender do passado quando o futuro parece tão incerto. E eu preciso — de novo aqui esse verbo — me desprender do que passou e ter alguma esperança no que está por vir. Mas ao escrever essas palavras eu já sei que estou cometendo um erro: o que eu preciso mesmo é focar no presente. Porque é só no presente que somos.
Porém, focar no presente não quer dizer que eu deva deixar absolutamente tudo para trás. Na verdade, quero resgatar algumas eus que já existiram por aqui. Quero resgatar a pessoa que eu era quando conhecia um lugar novo. Quando encontrava uma amiga. Quando saía pra tomar sorvete na praia com minha irmã.
Sinto que perdi essas antigas versões de mim. Sinto que não consigo me concentrar no agora, porque a ansiedade está pensando no futuro e a depressão está presa ao que passou. Não é fácil conviver com esse combo, e o resultado é uma desconexão com quem eu fui e principalmente com quem eu quero ser.
É por isso que esse post existe: pra me lembrar. Lembrar que eu ainda posso me deslumbrar com as situações boas da vida, eu ainda sou capaz disso. Lembrar que eu gosto de criar — textos, vídeos, fotos, bordados. Que tudo isso é o que me mantém viva, e não apenas viva, é o que me mantém vivendo. Eu quero isso. Eu preciso disso.
Tenho tentado a todo custo me rodear de coisas que me inspiram. Livros, músicas. Atualmente estou lendo Persuasão, da Jane Austen, mesma autora do meu amado e favorito Orgulho e Preconceito. E tenho escutado muitas músicas em espanhol, o que renova a minha vontade de aprender esse idioma que parece tão próximo do português e tão fácil de aprender, mas só parece.
Toda vida e Oh, mamãe são as que não saem do meu repeat, ambas de Perota Chingo. Às vezes dou uma variada e vou pro inglês, e a da vez é Nothing else, de Angus & Julia Stone. Ouvir música me salva. Toda vez que penso isso me lembro de um bar que fui em Buenos Aires e que tinha um letreiro onde se lia “Music saved my life”. Não poderia concordar mais. E isso me lembra que ainda tenho muito o que explorar.
Acho que isso é tudo por enquanto. Apenas um post escrito mais pra mim do que pra quem lê (alguém lê? rs) apenas porque tenho que me lembrar de algumas coisas. Lembrar do motivo de estar aqui. E lembrar de pra onde quero ir. 🤍
Respostas de 2
também sinto falta de algumas versões (mais corajosas) de mim mesma que ficaram pra trás. mas faz parte, né? a vida muda, a gente muda. o importante é sempre tentar melhorar de alguma forma, mesmo que a vida sempre acabe nos atropelando em alguns momentos. se reencontrar com a escrita é uma coisa linda, espero que poste mais por aqui <3
é um pouco triste quando sentimos falta de quem a gente era, mas realmente faz parte. e mudanças nem sempre serão ruins, né? isso ajuda a seguir.
muito obrigada por passar aqui, e quero continuar postando sim ❤️