esta coisa da alegria ainda vai dar muito certo

é segunda-feira, o dia amanheceu nublado e com uma ansiedade insistente batendo no peito. o primeiro dia do segundo mês é sempre sinônimo de algo novo. e de recomeços. recomeços são sempre bonitos — e bem vindos. preciso muito deles. 

é necessária muita coragem pra recomeçar. e apesar de não me sentir nem um pouco corajosa no momento em que escrevo isso, repito: eu preciso. sim, recomeçar. 

o sol começou aos poucos a sair, tímido igual a mim. minha irmã não demorou muito a chegar e a casa logo ficou repleta da sua presença que me acalma. na cozinha mainha a terminar o bolo: dourado e com muito brilho. do jeito que a vida deveria ser. meu pai saiu para encomendar salgados. 

em um momento, tudo está pronto. 

a manhã se aproxima do fim e assistimos os quatro a um filme chamado soul, minha irmã fez questão. soul é delicadamente necessário — ele nos lembra que a vida apesar de tudo pode ser bonita, basta que a gente consiga apreciar e compreender o valor das pequenas sensações. as folhas caindo das árvores. caminhar livremente sentindo o vento no rosto. ver o mar. olhar para o céu. 

o céu, que agora tem uma parte tão importante de mim. 

minha vó, não mais presente nesse plano, pela primeira vez zelou por mim de lá de cima. e senti saudades. faz tão pouco tempo que ela se foi e ainda assim parecem eternidades. 

senti saudades. 

quatro da tarde, o sol começou a baixar. atravessamos a cidade só para molhar os pés no mar. o mar. que me renova e amedronta na mesma proporção. as ondas tempestuosas molharam a barra da minha saia. e eu ri. ri e me assustei por não estar habituada ao som do meu sorriso. 

uma vez ouvi que eu deveria sorrir mais. você fica bonita quando ri, me disseram. e mesmo hoje, anos depois, fico aqui, grata mais uma vez pelo elogio em forma de conselho.

prometo tentar segui-lo. cada dia um pouco mais. 

agora o sol já está cada vez mais distante e o mar cada vez mais revolto — dou alguns passos para trás porque tenho medo de me molhar completamente. o medo que me acompanha em todos os momentos e os transforma sempre em algo a mais. 

em batalhas. cada momento meu nesse mundo é uma batalha. mas eu prometo continuar tentando vencê-las, uns dias mais, outros menos — porque poucas coisas na vida são constantes. enquanto isso, eu tento. 

tentar sempre. tentar muito. tentar cada vez um pouco mais. porque eu sinto saudades de ser feliz, e já passa da hora.

o tic tac do relógio me lembra que a noite chegou, e com ela a certeza de que sim, já passa da hora.

agora eu tenho vinte e quatro anos, e é tempo de ser feliz. 

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jennifer maccieira

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